Redes sociais da ABA:
GT 048. Novas perspectivas para o estudo das religiões de matriz africana nas Américas
Apresentação Oral em GT
Álvaro Banducci Júnior, Mario Teixeira de Sá
Festas de Santo e outras celebrações em Corumbá e Ladário (MS): um diálogo no idioma das religiões afro-brasileiras

As cidades de Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul, constituem centros urbanos interligados, com história de ocupação comum e com economia e manifestações culturais populares bastante similares. Um dos aspectos que caracteriza a vida social dessas cidades são os acontecimentos religiosos e festivos que mobilizam grande parcela da população local, além de atrair número significativo de visitantes. O Carnaval de Corumbá, reconhecido como um dos mais animados e expressivos do Centro Oeste, conta, em seus blocos carnavalescos, com integrantes oriundos de diferentes lugares do país; a Festa de São João (24/06), na qual ocorre o banho do Santo no Rio Paraguai, atrai anualmente devotos de várias regiões do estado; no dia de São Cosme e Damião (27/09) é decretado feriado nas cidades, quando as ruas são tomadas por crianças em busca de doces e guloseimas; a festa de Nossa Senhora do Carmo (16/07) reúne milhares de devotos na cidade de Ladário; enquanto que as festas dedicadas à Virgem de Urkupiña (17/08) promovem, em Corumbá e na vizinha Puerto Quijarro (BO), a interação da população local com a população boliviana. No dia 31 e dezembro de cada ano, as margens do rio Paraguai, no Porto Geral, são tomadas pelo público em rituais de oferendas dedicados a Yemanjá. Tendo em vista esse cenário de celebrações e a partir da experiência de campo em distintos contextos festivos dessas cidades, este work visa revelar a existência de um elo dialógico entre muitas dessas manifestações, propiciado pela presença e participação de determinados agentes sociais nos diferentes eventos. Elementos de uma prática ritualística ou devocional, presentes num contexto de celebração, acabam por se desdobrar, por influência desses agentes, em outros espaços festivos. O que esse estudo pretende demonstrar, em última instância, é que esses agentes têm em comum o pertencimento a religiões de matriz africana, sendo eles, e a lógica de suas práticas religiosas e devocionais, os promotores dos elos entre as diversas manifestações culturais das duas cidades.