Redes sociais da ABA:
GT 048. Novas perspectivas para o estudo das religiões de matriz africana nas Américas
Apresentação Oral em GT
Carolina Souza Pedreira
Exus, almas e o cuidado do mundo
Partindo da etnografia conduzida na cidade de Andaraí, Bahia, acerca da morte, dos modos de morrer e dos diferentes destinos que recaem sobre o espírito ou a alma no pós-morte, proponho examinar desvios e cruzamentos nas relações entre exus e almas tanto em um terreiro de jarê, designação sob o qual se afiliam os candomblés de caboclo na Chapada Diamantina, quanto na ciência das almas, o conhecimento advindo da devoção professada por algumas mulheres da cidade. Exus, também chamados de escravos, e almas possuem responsabilidades contrárias e coincidentes com o mundo em parte derivadas de processos além-túmulo, ao habitar, visitar, zelar e arruaçar cemitérios, cruzeiros, encruzilhadas e outros espaços. No jarê e na ciência das almas, essas entidades conformam, em diferentes escalas, a noção de pessoa. É pelo deslocamento de exus e almas na terra e em sua composição com os/as viventes, em especial por intermédio de sonhos e aparições, assim como conflitos e obrigações rituais, que essa comunicação irá investigar os modos de cuidado do mundo regidos pelas duas entidades.