Redes sociais da ABA:
GT 040. Fronteiras, saúde, gênero e sexualidade: conexões, deslocamentos e alteridades corporais, espaciais, temporais
Apresentação Oral em GT
Vera Lucia Marques da Silva
Um olhar acerca das relações eróticas de dominação e submissão no BDSM sob a perspectiva de gênero
A partir da realização de uma netnografia, este artigo apresenta alguns elementos presentes no imaginário das relações eróticas de Dominação e Submissão, próprias da subcultura BDSM. BDSM é um acrônimo que deve ser lido em pares, ou seja, BD, se refere a jogos eróticos que envolvem Bondage e Disciplina; DS, jogos de Dominação e Submissão; e SM, jogos de Sadomasoquismo. O BDSM reúne, portanto, um conjunto de práticas sexuais dissidentes, nas quais o poder é erotizado. Blogs e sites relacionados ao BDSM foram acompanhados durante o work de campo, bem como as redes sociais Facebook e Fetlife. A este material, somam-se entrevistas de adeptos em outras mídias. Com isto, buscou-se examinar, de uma perspectiva de gênero, como as relações de Dominação e Submissão se configuram, no que se refere aos direitos, deveres e posturas adequadas, assim como os tipos ideais envolvidos. Percebeu-se um processo constante de reflexividade acerca de suas identidades, das normas e limites que regem os jogos eróticos. Para além de um mero papel sexual, os adeptos defendem que tanto a dominação quanto a submissão fazem parte de sua própria natureza, revelando um discurso essencializador e instaurando, o que afirmam ser uma orientação sexual. Tensões de gênero estão presentes entre os praticantes de BDSM e revelam o quanto no imaginário social a dominação está associada aos homens e a submissão às mulheres. Ainda que neste universo erótico o locus da dominação e o da submissão estejam abertos aos gêneros, conforme a suposta essência de cada um, a dominação feminina e a submissão masculina são ainda percebidas como transgressoras.