Redes sociais da ABA:
GT 040. Fronteiras, saúde, gênero e sexualidade: conexões, deslocamentos e alteridades corporais, espaciais, temporais
Apresentação Oral em GT
Bruna Dos Santos Galichio
Assédio sexual no espaço público: quem está falando? As experiências dos corpos em trânsito das mulheres negras periféricas
Este work tem por objetivo investigar como as mulheres negras da periferia experienciam as categorias de diferenciação gênero, raça, sexualidade e classe social em seus trajetos pela cidade de São Paulo, ao serem interpeladas por práticas que estão sendo reivindicadas como assédio sexual, dentro de uma economia moral contemporânea. Dessa maneira, parte-se da tentativa de conhecer que termos são utilizados pelos próprios sujeitos e compreender quando é possível falar em violência ou dano moral. A noção de diferença como experiência torna-se chave para compreender os modos de dar sentido não só ao que está sendo chamado de assédio, mas ao corpo. Raça e classe também aparecem em disputa dentro de um cenário de produção negra e periférica, que está discutindo a importância de se afirmar a partir desses marcadores e, ao mesmo tempo, interpela quem tem legitimidade para fazê-lo. Nesse sentido, o discurso sobre o colorismo produz e é revelador da tensão entre o reconhecimento e pertencimento racial de um lado e, de outro, das experiências raciais cotidianas dos sujeitos. Dentro desta perspectiva, pretende-se problematizar um suposto imaginário que articula raça e sexualidade para trazer à tona os lugares dos corpos negros e suas experiências. Da mesma maneira, busca-se tensionar fronteiras do significado de violência, presente em algumas práticas e ausente em outras, compreendendo os modos dos sujeitos experienciá-las e de negociar com as categorias raça e sexualidade. Outra perspectiva do campo sugere a ameaça do assédio como mecanismo de controle do corpo feminino. Aqui, articulado com o marcador de classe, pode revelar um território que é mais propício a obscurecer a violência, seja pela iluminação precária, pela existência de terrenos baldios ou, por exemplo, pela necessidade de caminhar longos trechos a pé. Assim, busca-se compreender as implicações sociais nos cotidianos das mulheres negras periféricas, no que diz respeito ao acesso à cidade e à cidadania em decorrência dessa ameaça. Dito de outro modo, em que medida as mulheres deixam de aceitar certo work, ou a fazer tal curso, ou a ir naquele parque, ou a alugar tal casa em determinada rua e em que medida elas podem negociar com esses riscos ao fazerem suas escolhas.