Redes sociais da ABA:
GT 011. Antropologia da Moral e da Ética
Apresentação Oral em GT
Rachel Paula de Souza Machado, Dra. Nalayne Mendonça Pinto (PPGCS-UFRRJ)
Um Papo de Responsa: dispositivos morais entre polícia e juventude.
O presente work é fruto da pesquisa em andamento no PPGCS - UFRRJ sobre o programa da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro chamado: “Papo de Responsa”. Esse programa foi organizado por um pequeno grupo de policiais e é direcionado à jovens em idade escolar, visando uma aproximação da polícia civil com a juventude através de palestras e debates com objetivo principal de prevenção de delitos, prevenção ao uso de drogas e construção de discursos sobre práticas e ações “responsáveis” durante a juventude. A pesquisa busca compreender como se estabelecem as relações entre os policiais e os jovens durante a atuação do programa nas diversas escolas, percebendo como são produzidos pelos policiais que atuam no programa os discursos e explanações sobre a vida no crime e controle moral das ações pelos indivíduos. Partindo da hipótese de que os policiais que compõem o grupo, acreditam que é possível produzir mensagens que de algum modo venham a afetar as trajetórias dos jovens, como uma espécie de papel redentor para uma possível carreira criminal juvenil. Nesse sentido, busca-se analisar os discursos e dispositivos de controle, ordenamento das condutas e governo das populações, que estão presentes nas ações policiais. Compreender a atuação do programa Papo de Responsa nas diversas escolas, implica em identificar e analisar os discursos e moralidades sobre a forma de ser jovem. A partir do lema: “A escolha é sempre sua”, os policiais fazem um “papo de responsa” com os alunos sobre o que é ser um jovem “cidadão”, um jovem que se cuida, que valoriza sua educação no âmbito escolar e familiar, que assume o controle sobre sua vida, é responsável por seus atos, consciente de que toda escolha gera consequências. Em seus discursos, os policiais levam os alunos à compreensão de que se a polícia é corrupta outros profissionais também são, uma vez que todos são produtos da sociedade. Assim afirmam que a polícia não vem de “Poliçópolis”, cada um deve assumir a sua responsabilidade e saber o que faz, no lugar de culpar o outro por suas atitudes. Dessa forma, esse work propõe compreender como os policiais apresentam aos jovens esses padrões de boa conduta, disciplina e prevenção ao crimes/drogas, explicitando nos relacionamentos e diálogos construídos as tecnologias de poder que se constroem.