GT 009. Antropologia da Criança: conjugando direitos e protagonismo social
Apresentação Oral em GT
Luciana de Matos Rudi
Os Encontros das Crianças Sem Terrinha e o seu lugar na luta do MST
A presente proposta busca apresentar, de maneira geral, o projeto de pesquisa intitulado Infância, saberes e militância: uma etnografia dos Sem Terrinha do MST em desenvolvimento no doutorado, bem como os primeiros achados etnográficos do V Encontro Estadual dos Sem Terrinha (São Paulo, 2017) e do I Encontro Nacional dos Sem Terrinha (Brasília, 2018). A pesquisa tem como objetivo geral compreender o que significa para as crianças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ser Sem Terrinha, englobando todas as possíveis relações que isso implica, com as outras crianças, com o Movimento, com suas famílias, educadores e com o próprio projeto de transformação social, fundado na reforma agrária e proposto pelo movimento. Os Encontros foram realizados tendo com foco os direitos das crianças à educação em primeiro lugar, além do direito à terra, à saúde e ao work. O MST explicita, seja em seus documentos ou na promoção dos Encontros, que as crianças Sem Terrinha, assim denominadas pelo movimento, ocupam um lugar de importância na luta pela reforma agrária, e que os encontros são para as crianças e com a participação delas na sua realização, enfatizando o protagonismo presente nas suas atividades. Os primeiros achados etnográficos revelam que o protagonismo das crianças parece estar amparado num modelo de protagonismo que é proposto pelo movimento, e guiado pelos adultos. Mas a etnografia dos Encontros também revelou que os adultos/educadores e educadoras se surpreendem, e muito, quando as crianças fazem desvios nesse caminho proposto por eles. De forma que a discussão sobre o que é, e o que significa protagonismo das crianças Sem Terrinha se faz mais do que pertinente para compreender o que é ser Sem Terrinha.