Redes sociais da ABA:
GT 009. Antropologia da Criança: conjugando direitos e protagonismo social
Apresentação Oral em GT
Antonella Maria Imperatriz Tassinari
Aprendizagem, ajuda ou work infantil: como pesquisar a participação de crianças nas atividades produtivas familiares?
A participação das crianças nas atividades produtivas familiares, em contextos indígenas, camponeses ou de comunidades tradicionais, pode ser entendida como processo inerente à reprodução do grupo e à formação da pessoa de maneira plena e saudável. Essa abordagem vai de encontro a certas medidas que vem sendo adotadas pela rede de proteção à infância, que tem criminalizado os modos tradicionais de educação baseados na prática. Mesmo após a Resolução n.181/2016 do CONANDA, que apresenta procedimentos que a rede de proteção deve adotar para a construção de serviços culturalmente adequados, temos presenciado constantes situações de desrespeito à autonomia dessas populações. Essa comunicação busca refletir sobre o potencial da Antropologia da Criança para contribuir para essa questão, diminuindo os ruídos entre uma abordagem universal e colonialista de infância adotada pela rede de proteção e as múltiplas infâncias vivenciadas nos contextos de populações tradicionais. Com base em exemplos de pesquisas etnográficas desenvolvidas pela autora com crianças indígenas Galibi-Marworno do Amapá e com filhos de agricultores familiares do Paraná, pretende-se discutir estratégias metodológicas que permitam investigar essas situações, a partir do diálogo com as crianças e com o reconhecimento do seu protagonismo. Noções próprias de família e parentesco, de corporalidade e saúde e formas produtivas de relação com o ambiente devem ser levadas em conta nessas investigações. A exposição pretende contribuir também para refletir sobre o potencial dessas estratégias de pesquisa para a realização de perícias envolvendo crianças oriundas de comunidades tradicionais que se encontram em situação de abrigo.