Redes sociais da ABA:
GT 002. A contribuição da perspectiva antropológica sobre o uso de substâncias psicoativas para o debate atual em torno das
Apresentação Oral em GT
Esmael Alves de Oliveira
“O Pharmakon e a vida ou a vida pharmakon?”: Algumas reflexões sobre narrativas de consumo de psicofármacos no contexto universitário
Este work, em andamento, é parte de minha pesquisa de pós-doutorado vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS) e desenvolvida junto ao Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (Nupacs). Ao tomar como base a narrativa de professores universitários e estudantes de pós-graduação que fazem uso de ansiolíticos e/ou antidepressivos, o intuito é compreender quais os sentidos atribuídos à experiência da medicalização bem como o pano de fundo em que se desenrolam. Se diversas pesquisas têm apontado para o aumento no consumo de psicofármacos pela sociedade em geral, pouca atenção tem sido dada com relação a esse crescimento também no contexto universitário. Em um cenário dominado pelo o que os autores têm chamado de farmaceuticalização da vida (Biehl, 2008; Illich, 1975), a antropologia tem cada vez mais problematizado as várias possibilidades de compreensão deste fenômeno. Assim, seja ao levantar questões de ordem ética, política e econômica que atravessam as intervenções da Bigfarma (Petrina, 2009), seja ao evidenciar a dimensão biopolítica das práticas de medicalização da vida (Vieira, 2002; Azize, 2010) ou mesmo ao refletir sobre os processos de subjetivação e estratégias de agenciamento dos sujeitos “medicalizados” (Biehl, 2005; Silveira, 2000) - aspectos que certamente não podem ser tomados isoladamente - , a perspectiva antropológica mais uma vez nos convida à uma compreensão desnaturalizada das práticas e experiências dos sujeitos contemporâneos. É a partir deste movimento de desnaturalização que busco compreender a experiência do consumo de psicofármacos. Para isso, tomo como norte algumas questões: Afinal, sujeitos medicalizados ou relações medicalizadoras? A relação entre sujeito e medicamento é unilateral? Seria a noção ontologizante “sujeito medicalizado” suficiente para dar conta da experiência dos diferentes sujeitos e de seus processos de subjetivação e agenciamento? São aspectos que esta pesquisa buscará explorar.