GT 002. A contribuição da perspectiva antropológica sobre o uso de substâncias psicoativas para o debate atual em torno das
Apresentação Oral em GT
Andrés Leonardo Góngora Sierra
Farmacopeia Política: Uma etnografia do anti-proibicionismo e as lutas pela libertação da maconha na Colômbia.
A “guerra contra as drogas” na Colômbia é mais do que uma imposição neocolonial unilateral. Pelo contrario, ao longo da história tem havido um grande número de aliados (os agentes locais da “cruzada proibicionista”), mas também de respostas diversas de atores que disputam com o Estado e com a indústria farmacêutica a faculdade de produzir, negociar, e usar plantas e compostos químicos com potencial psicoativo. Baseado no work de campo desenvolvido entre 2013 e 2017 nas cidades de Medellín, Bogotá e o Eixo Cafeeiro, mostro como os principais argumentos que suportam a malha de símbolos, materialidade e performances chamada de “anti-proibicionismo”, tem a ver com as fronteiras imprecisas entre economia, moral, ciência e política, que alguns atores socais demarcam e ampliam constantemente para justificar suas perspectivas sobre o controle dos sistemas de intercâmbio e sobre o valor da liberdade e da vida. Para explorar etnograficamente o “anti-proibicionismo” sigo a trilha traçada pela maconha (Cannabis sativa L., Cannabis indica) e seus defensores, mostrando sua importância nos atuais debates sobre direitos individuais, políticas públicas, pesquisa científica, surgimento de novos mercados e conformação de coletividades. Considero que a leitura antropológica destas lutas é relevante para entender as formas contemporâneas de governo e a constituição de causas político-morais de diferentes escalas que se articulam para conceder ao pharmakon valor terapêutico, místico, recreativo ou aniquilador.