Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 013: Antropologia das práticas esportivas e de lazer
Dez anos de Arena Corinthians em dez anos de Brasil: primeiros apontamentos sobre processos de segregações e movimentações torcedoras.
Gabriel Moreira Monteiro Bocchi (Escola Alef Peretz)
Neste trabalho apresenta-se as primeiras reflexões referentes ao desenvolvimento da pesquisa, em âmbito de doutorado, focada em discutir transformações no futebol espetacularizado e na sociedade brasileira pós-Copa do Mundo de 2014. A principal interlocução é com torcedores corinthianos frequentadores da Arena Corinthians, na cidade de São Paulo. Parte-se de distintas perspectivas torcedoras: coletividades que associam as militâncias clubística e torcedora às militâncias políticas; torcedores que deixaram de ser assíduos nas partidas como mandante do Sport Club Corinthians Paulista (SCCP), aqueles que passaram a o ser nos anos seguintes à inauguração da Arena; pessoas vinculadas e não vinculadas a torcidas organizadas e coletivos torcedores. O campo de pesquisa é ampliado para além de torcedores e situações relacionados ao Corinthians, abrangendo coletividades torcedoras-militantes vinculadas ao São Paulo Futebol Clube (SPFC) e o Estádio do Morumbi, a fim de analisar similaridades e diferenças nas experiências torcedoras em regiões distintas da cidade de São Paulo, em modelos de estádios e gestões de clubes distintos. Desenvolve-se um estudo comparativo ao realizado na pesquisa de mestrado, no sentido de analisar temas em comum àquela pesquisa - habitação de lugares públicos, privados e domésticos por torcedores; relações com ingressos, programas de sócio torcedor e acesso aos jogos; setorização dos estádios e formas de torcer; usos de ferramentas digitais como parte dos espaços e relações presenciais - com um intervalo de dez anos. Tem-se por hipótese que tal exercício comparativo entre as vivências etnográficas de 2014/15 com as atuais, 2022-25, permitirá analisar transformações de ordens social, política e econômica no Brasil no mesmo período, a partir das práticas de torcedores, compreendendo-as como relacionadas às suas perspectivas e práticas de vida mais amplas. Apresenta-se, por fim, com maior densidade etnográfica, reflexões sobre coletividades de torcedores-militantes e discussão que entremeia possibilidades antropológicas na pesquisa em diálogos com Michel Agier e Tim Ingold.
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