GT01: A universidade como local da alteridade
Apresentação Oral
Laura Cecilia López, Milena Cassal Pereira, Cauê Rodrigues, Natália Inês Schoffen Corrêa, Sabrina Feiber da Silva, Daniel Passaglia Junior
A construção do Laboratório de Interseccionalidades, Equidade e Saúde: os nossos corpos implicados em pesquisas e práxis críticas
O Laboratório de Interseccionalidades, Equidade e Saúde (LabIES), certificado pelo CNPq em 2021, é produto de construção coletiva iniciada quando nossos corpos diversos convergiram no espaço da Unisinos. Somos um grupo que produz pesquisa e práxis críticas, entrelaçando diferentes áreas de conhecimento, espaços de vida e de resistência. O grupo propõe intervenções sociais interseccionais e o uso de metodologias participativas para a elaboração de diagnósticos, bem como o delineamento/aplicação de ferramentas de avaliação e promoção da equidade em diálogo com problemáticas concretas levantadas por diferentes coletivos. Congrega-nos realizar pesquisas com abordagem interseccional de gênero, sexualidade, raça e classe, baseades na contribuição de três intelectuais: as antropólogas negras latino-americanas Lélia Gonzalez e Mara Viveros Vigoya, e a socióloga trans australiana Raewyn Connell. A publicação no Brasil do livro Interseccionalidade, de Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge (2021) deu um impulso renovado às ideias do Laboratório, sendo que as autoras reivindicam a interseccionalidade como investigação e práxis críticas. À luz destes aportes, analisaremos três percursos dentro do grupo. O primeiro deles pode ser nomeado como o do "acesso afirmativo à universidade". Muitas/os das/os discentes que compõem o grupo acessaram a universidade graças a políticas de redistribuição e de reconhecimento que ampliaram o acesso ao ensino superior operantes com maior força na primeira década do Século XXI. Outro percurso é a contribuição para efetivação de políticas e direitos da população LGBTQI+ na cidade de São Leopoldo. E o terceiro relaciona-se com a realização de pesquisa-ação em um bairro periférico, sobre equidade de gênero e cuidados comunitários. Com esta reflexão, pretendemos ressaltar a relevância da produção de conhecimento que entrelace não só áreas de estudo diferenciadas, mas fundamentalmente baseada em epistemes que abram caminhos para a investigação colaborativa, para corpos engajados nas micropolíticas cotidianas, com vistas às transformações e a justiça social. Apostamos pela mudança de paradigmas para a valorização da ciência comprometida com as realidades sociais e com posturas cada vez mais dialógicas e inclusivas em relação às demandas de uma pluralidade de atores da sociedade.