ISBN: 978-65-87289-23-6 | Redes sociais da ABA:
GT13: Antropologia Digital: processos, dinâmicas, usos, contra-usos e contenciosos em redes socioténicas
Apresentação Oral
Ana Idalina Carvalho Nunes, Diego Lucas Nunes de Souza
A visibilidade como troca simbólica e a ética como preocupação na etnografia digital em guildas e redes sociais do game Free Fire
Trazemos, neste resumo, a proposta da apresentação de dois percursos etnográficos situados no ambiente digital do game Free Fire: o primeiro busca compreender a dinâmica das interações sociais em uma guilda e o segundo visa identificar a influência da narrativa audiovisual dos influenciadores da Garena (desenvolvedora do game), através do YouTube, do Instagram e de outras plataformas digitais usadas comumente pelos gamers, sobre a construção do papel social de seus seguidores e seguidoras. A questão central que norteia o estudo é: quais os caminhos possíveis para desenvolver uma etnografia no ambiente digital do game, respeitando os preceitos da ética na pesquisa antropológica? Trata-se de um trabalho que exige criatividade e responsabilidade para criar soluções que possam conceder aos sujeitos a visibilidade que desejam, sem expor determinadas informações que poderiam colocar em risco a sua segurança e seu bem estar. Embora situadas ambas no ambiente digital do jogo, as pesquisas aqui abordadas percorrem caminhos teóricos e metodológicos diferentes, enfrentando dilemas éticos também diversos. Dentro desse contexto, visibilidade é uma moeda de troca valiosa e pode motivar um número maior de gamers a contribuírem com a pesquisa, já que ela garante prestígio social e ganhos financeiros. Trata-se de uma espécie de troca simbólica que, de forma similar ao que ocorria nas sociedades mais primitivas, envolve não apenas os sujeitos, mas as "coletividades que se obrigam mutuamente" (MAUSS, 2003, p. 190). Essas trocas, no passado como no presente, são amabilidades que podem gerar uma ampliação na oferta de oportunidades para ambas as partes. Para tentar compreender o sistema de trocas simbólicas que envolvem a questão da visibilidade no ambiente digital do Free Fire, recorremos a Marcel Mauss, através da sua obra Sociologia e Antropologia (2003) e, na busca por soluções para as questões éticas que surgem no decorrer da pesquisa, buscamos recursos teóricos e metodológicos na obra de Robert Kozinets, "Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online" (2014) e na obra "Etnografia Virtual" (2004), de Christine Hine.