ISBN: 978-65-87289-23-6 | Redes sociais da ABA:
GT13: Antropologia Digital: processos, dinâmicas, usos, contra-usos e contenciosos em redes socioténicas
Apresentação Oral
Galba Cristina Bezerra França Scartezini
Analisando os Desafios dos Usos das Tecnologias Digitais por Servidores/as Públicos Idosos/as: uma etnografia no contexto da Universidade Federal de Goiás.
Devido ao acelerado processo de envelhecimento populacional entrelaçado ao uso de tecnologias e mídias digitais, os quais vem sendo crescentemente analisados pela ciências sociais e mais particularmente pela antropologia, decidimos acompanhar analiticamente as inovações tecnológicas - sobretudo com o impacto da pandemia da COVID-19 na atuação de profissionais da educação em contextos universitários. Este paper tem como objetivo analisar os desafios do aprofundamento da implementação de regimes de trabalho remoto mediados pela internet para a população que envelhece, especialmente tomando as narrativas de servidores/as públicos/as federais na meia idade e velhice. O pano de fundo da análise é a necessidade de investigar as transformações no curso da vida a partir das narrativas de meus/minhas interlocutores/as sobre as formas de adaptação aos programas implantados pela Administração Pública Federal (APF) voltados para modernização e simplificação dos acessos dos servidores, principalmente no contexto pandêmico de 2020 ao contemporâneo. Nos últimos anos, mesmo antes da pandemia, têm sido implementados inúmeros sistemas e programas governamentais digitais aos/às servidores/as públicos/as. Mas será que os/as servidores/as mais velhos/as se sentem preparados/as e adaptados/as às mídias digitais que vem sendo crescentemente impostas? De quais maneiras essas mídias digitais têm reconfigurado e transformado suas trajetórias profissionais? Embora as mídias digitais tenham se inserido no cotidiano da "população 60+" e o uso da internet já pode ser visto como comum e disseminado, é importante examinar mais detidamente às narrativas de meus/minhas interlocutores/as sobre seu processo de adaptação às demandas trabalhistas relacionadas aos programas governamentais que vieram em grande maioria para substituir de forma "digital" atividades que já vinham sendo desenvolvidas de modo "analógico". Deste modo, minha pesquisa envolve uma abordagem antropológica, mediante observação-participante e análise de narrativas, sobre o envelhecimento e velhice e os desafios profissionais e pessoais relacionados aos usos de sites, aplicativos e mídias digitais no contexto de trabalho de servidores/as públicos/as federais. Uma das contribuições de minha etnografia é oferecer informações institucionais sistematizadas à UFG - e a sociedade, em termos mais amplos - sobre as dificuldades, os desafios e as oportunidades que a digitalização do trabalho na educação pública superior tem produzido nas perspectiva de servidores/as mais velhos/as. Por fim, o tema tem nos instigado, tanto na posição de trabalhadores/as da educação de ensino superior como na perspectiva de contribuir com a análise antropológica destas situações e contextos institucionais.