ISBN: 978-65-87289-23-6 | Redes sociais da ABA:
GT13: Antropologia Digital: processos, dinâmicas, usos, contra-usos e contenciosos em redes socioténicas
Apresentação Oral
Clara de Oliveira Coêlho
Feminismos no Instagram: uma análise sobre as construções de "feminismos" e "ser feminista" nesta mídia social.
Em meu mestrado proponho analisar perfis autointitulados ou descritos como feministas na rede social Instagram. Minha questão central é analisar como se dá a produção de teoria e de conhecimento feminista e a construção de identidades feministas nesta rede social, a partir de uma amostra de cinco páginas. Pensando em explorar ainda mais os campos dos estudos feministas e sobre a internet, escolhi analisar cinco perfis diferentes. Selecionei páginas que publicassem textos autorais e tivessem o maior número de seguidores dentro da vertente em que se declaram estar inseridas - as vertentes selecionadas foram a "radical", a "liberal", a "interseccional", a "marxista" e "feminismo negro" -, de modo a fazer uma análise comparativa entre os discursos feministas desses perfis e compreender como o jogo social está sendo construído. Entendo que a melhor forma de desenvolver a etnografia dessas páginas é realizar uma análise sistemática de suas publicações, depreendendo os temas, as teorias feministas e as pessoas citadas, buscando pontos de convergência e discrepância entre suas análises, ou seja, examinando como cada perfil empenha-se em construir e disseminar o que é "ser feminista" e o que é "feminismo". Trata-se de etnografia digital que se iniciou no final de 2020, na qual, além de analisar o conteúdo produzido para o Instagram, também tenho mantido contato direto com minhas interlocutoras, o que possibilitou videochamadas e conversas por Whatsapp. Aqui, pretendo analisar como estes perfis, ao optarem por abordarem determinadas temáticas e pelas posturas adotadas frente algumas conceituações, acabam propagando, reformulando e moldando novas subjetividades feministas. Assim, pretendo analisar esses perfis como campos discursivos de ação e como lócus da construção de uma nova epistemologia do conhecimento feminista, ou seja, como estes perfis estão se utilizando deste aplicativo para debater e redefinir o que é "a luta feminista". Nesta pesquisa, o Instagram não é entendido apenas como uma plataforma que viabiliza estas disputas de sentidos e a propagação de conhecimentos e discursos, como um espaço neutro, e sim como um ambiente que promove e divulga determinados tipos de discursos, formatos e conteúdos em detrimento de outros, gerando e promovendo uma "economia de visibilidade". Este artigo apresenta análises iniciais de questões que estão surgindo ao longo do meu campo do mestrado, que ainda está em curso.