GT10: Antropologia das Mobilidades
Apresentação Oral
André Dumans Guedes, Ana Raquel Rosa do Couto
Cativeiros, Correrias, Velocidades. Algumas Concepções Nativas sobre a "Liberdade" na Descrição de Mobilidades
Este trabalho considera, numa chave comparativa, dois universos sociais onde a questão da mobilidade se coloca de forma crucial. Num caso, levamos em conta os impasses, dramas e dilemas vivenciados por pessoas atingidas por barragens reunidas num movimento social. No outro, tratamos das experiências de trabalho de mulheres motofretistas entregadoras de comida. Numa situação como na outra, essa centralidade da mobilidade se expressa através de linguagens e gramáticas onde abundam termos associáveis às ideias de movimento e daquilo que o dificulta, atrasa, barra ou obstaculiza. Tomando tais formas de expressão como objetos de análise etnográfica, estamos interessados aqui em pensar como, de modo mais específico, veiculam-se aí diferentes concepções do que é "liberdade" - ou daquilo que é pensado como o contrário dessa "liberdade". Ideia central na cosmologia e na filosofia política ocidental, a "liberdade" vem sendo objeto de investimentos etnográficos que assinalam não apenas a multiplicidade dos seus sentidos possíveis como tal abertura semântica vincula-se a uma diversidade de práticas criativas e de resistência. Inspirados sobretudo pelas análises de Anna Tsing, mostraremos aqui como esse investimento direcionado às concepções de liberdade revela-se uma entrada privilegiada para pensarmos as formas, significados, transformações e variações das mobilidades e movimentos.