ISBN: 978-65-87289-23-6 | Redes sociais da ABA:
GT01: A universidade como local da alteridade
Apresentação Oral
Debora Simões de Souza Mendel
Ser, falar e pertencer: ativismo de intelectuais negras
O objetivo desta comunicação é refletir sobre os processos de tentativas de silenciamentos das vozes das intelectuais negras. Estou interessada aqui na transformação das universidades brasileiras tendo em vista a implementação e desenvolvimento das ações ações afirmativas na modalidade das reservas de vagas para estudantes negros. Utilizarei três conceitos chaves a ideia do Movimento Negro como educador (GOMES, 2017), autodefinição (COLLINS, 2019) e narrativa na primeira pessoas (XAVIER, 2019). Tendo em vista que o meu ponto de análise é minha experiência enquanto cotista na pós-graduação e atuação como professora na rede federal de ensino. Não pretendo apresentar um texto/apresentação que denuncia a construção da universidade como espaço que exclui os corpos das mulheres, pois isso já está posto. Estou interessada, em caminhos a serem traçados com objetivo de fazer emergir das nossas aulas saberes emancipatórios. Compreendo que as nossas histórias precisam ser contadas por nós mesmas, dou ênfase no ato de fala como uma ferramenta importante para a luta contra as diversas opressões, como de raça e gênero. Desejo que possamos, enquanto intelectuais negras ativistas, combater o projeto de silenciamento criado pela colonização e levado adiante pela colonialidade e que possamos falar, sermos ouvidas e, consequentemente, possamos pertencer (KILOMBA, 2020). Minha voz só pode ser ouvida hoje, e escrever este resumo é uma maneira de ser ouvida porque outras mulheres negras lutaram. Nesse sentido, vou destacar a ideia de trajetória individual e coletiva, apresentando conceitos de outras duas autoras fundamentais para o feminismo negro no Brasil: Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro para juntas teorizarmos sobre o eu e o outro; as repressões sistemáticas das nossas vozes, entre outras questões.