Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 006: Antropologia da morte: teorias de ritual
Apresentação Oral em GT
Gicele Brito Ferreira
Consoada: a morte como alivio
A origem do nome “Consoada” vem do Latim "consolata", de "consolare", "consolar", alguem que vê no dizer de Bandeira a indesejada das gentes chegar. Conjugar o verbo Morrer não é tarefa simples, pois nos impõe a regra gramatical que no presente se inicie por Eu morro; logo sou perecível, finito. Porém pensar a morte como referência totalizante constitui um espaço para reflexão sobre a sociedade como um todo, com sua visão de mundo e o ethos a ela associado; afinal todos nós morreremos e buscar entender o que ocorre no ato de morrer e todos os ritos que o cercam é buscar entender as “teias” que constroem a vida. Na primeira parte deste artigo apresento fragmentos do discurso teórico elaborado por Antropólogos que pensam a morte, para segui-la com auxilio de um exercício etnográfico feito a partir do acompanhamento de velórios de pessoas idosas, onde observei que os anos conquistados com aumento da expectativa de vida, nem sempre significam viver, e a morte vem consoada como alivio. Na sequencia fecho as linhas deste texto com questões do trato dispendido aos muitos idosos e aos centenários quando a morte chega. A morte como comportamento complexo que se origina nas bases do inconsciente se materializa na construção de espaços sociais, sejam eles de pequeno ou grande reconhecimento para os vivos que ficam. Todo o dia morre-se , mas no ritual de enterramento percebe-se que vida se viveu, são situações recorrentes que tentei apresentar ao trazer a dissonância que há entre morrer velho verso morrer em vida por que envelheceu.