GT 023: Diálogos no campo da Antropologia da Alimentação: Comensalidade, Ética e Diversidade
Apresentação Oral em GT
Antônio Augusto Oliveira Gonçalves, Mônica Chaves Abdala - UFU
Comércio informal de alimentos nas ruas: memórias e práticas recentes
Antônio Augusto Oliveira Gonçalves - UFMG
Dra. Mônica Chaves Abdala - UFU
Resumo
Comer na rua é prática recorrente na história do Brasil, que remonta ao período colonial e vai até os dias atuais. Nas mais diversas localidades e períodos históricos, a comida de rua foi uma fonte de renda para classes e grupos sociais marginalizados. Na miríade de significados não se conjugam apenas aspectos econômicos, pois o comércio informal favoreceu o estreitamento dos elos sociais, o encontro das pessoas nos centros urbanos. Somados à sociabilidade, essa prática é caracterizada por um diálogo imanente entre o tradicional e o moderno, além de representar um vínculo entre o local e o global. Num movimento pendular, é justamente a partir do local que tentamos estabelecer algumas ilações sobre o fulcro de sociabilidade da comida de rua, mormente, objetivamos ampliar o acervo de registros históricos sobre os costumes populares na cidade de Uberlândia, bem como aprofundar a compreensão do liame entre comida e relações sociais. Como corolário, debruçamo-nos no estudo do cotidiano, da cultura e imaginário locais, pretendendo então irisar novos matizes às dinâmicas circunscritas. Em virtude disso, assumimos que as tradições e hábitos locais perpassam por ressignificações e re-apropriações, adaptando-se aos parâmetros da contemporaneidade. Além disso, visamos também perceber as correlações entre os processos culturais, socioeconômicos e do imaginário local e aqueles que se dão no âmbito regional e nacional. Portanto, nosso escopo de análise centrou-se em duas vertentes: uma diacrônica, ao minutar a história e a memória, e outra sincrônica, ao investigar práticas alimentares e sociabilidades no contexto da rua, apontando para as transformações culturais, econômicas e sociais de maior escala. Em Uberlândia, entre a Praça Tubal Vilela, no centro da cidade, e os prédios históricos do Bairro Fundinho, entrevistamos um sorveteiro, um pipoqueiro, um vendedor de cachorro-quente e um antigo proprietário de uma rede de carrinhos de cachorro-quente. Por meio das narrativas singulares e memórias deslocadas no tempo e espaço, apresentamos alguns indícios históricos e sociais sobre a comida de rua na cidade.