Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 023: Diálogos no campo da Antropologia da Alimentação: Comensalidade, Ética e Diversidade
Apresentação Oral em GT
Luiza Guimarães Cavalcanti Spinassé, Lígia Amparo da Silva Santos
Acepções sobre alimentação saudável em uma feira-livre
O objetivo deste work foi compreender como os sujeitos experimentam e conferem sentidos à alimentação saudável no cotidiano de uma feira-livre da cidade de Salvador-Bahia, buscando apreender o desenvolvimento das percepções sobre o alimento, as práticas alimentares e a dimensão do saudável neste contexto. Para tanto, durante o período compreendido entre outubro de 2011 e julho de 2013, o corpus da pesquisa foi construído a partir de dados documentais, observação direta com registro em diário de campo e entrevistas narrativas. Foram entrevistados seis homens e oito mulheres, com idades entre 29 e 88 anos, incluindo neste universo cozinheiras, feirantes, comensais e fregueses. As informações produzidas foram categorizadas e analisadas com interlocução do referencial teórico. Como resultados, foram identificados e discutidos os principais aspectos referentes aos sentidos atribuídos ao ato de comer associados à constituição identitária dos sujeitos, ao longo de sua história de vida, bem como às percepções sobre a comida e o saudável. Estas questões de maior relevância apresentam-se organizadas em três tópicos: “[...] Na feira não vende marca. Na feira vende natural”: a dimensão da alimentação saudável no espaço da feira, em que se apresenta o natural como o conceito chave que acompanha o desenvolvimento de todo o work; “Tá fresquinho!”: o natural entre o campo e a cidade, onde se encontram as referências marcantes relacionadas à dimensão de transição entre o campo e a cidade, em que se evidenciam as acepções relacionadas ao natural, no que se refere aos alimentos frescos e considerados “sem química”; e, por fim, “Comida caseira-comida de feira”: o natural entre a casa e a rua, quando são descritos o natural e a sua associação com a comida caseira, como são denominadas as refeições comercializadas na feira-livre, bem como o contraponto estabelecido entre estas e os alimentos industrializados. Espera-se que este estudo contribua para uma melhor compreensão do comer saudável a partir de uma perspectiva cultural, ainda incipiente, e para a elaboração de propostas e ações que visem à melhoria da qualidade de vida e de saúde das populações, através da prática do diálogo e da troca de saberes, bem como para a afirmação das identidades culturais destes grupos sociais.