Redes sociais da ABA:
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3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 001: A GESTAO PUBLICA DA PROSTITUICAO: politicas, putas e conflitos nas arenas locais e internacionais
Apresentação Oral em GT
Felipe Bruno Martins Fernandes
Candidatas Trans* nas Eleições Brasileiras: a luta contra a invisibilidade, a vulnerabilidade e a violência
Em 2014, o Brasil passou por uma eleição das mais ferozes na democracia pós-ditadura. Os partidos do pleito disputavam grandes quantidades de votos e a cena pública tornou-se arena de alegações de corrupção e ataques mútuos. Na margem desses embates, as candidatas trans* tornaram-se um pouco mais visíveis, ao utilizarem recursos escassos para divulgar a agenda trans* para um público mais amplo. Na primeira eleição em que uma mulher trans* foi autorizada a concorrer na cota de gênero, a transfobia esteve sempre presente, por exemplo, quando um candidato presidencial disse, ao vivo, na televisão, que “os gays e trans* têm problemas psicológicos”. Este work é o resultado de um projeto etnográfico intitulado “Manifestações de Gênero, Sexualidade, Raça e Religião nas Eleições 2014” e teve como base o work de campo realizado entre junho e dezembro de 2014, contando com apoio financeiro da PROEXT/UFBA. Analisa entrevistas com quatro candidatas, todas mulheres trans*, de diferentes estados do Brasil: São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Ouvindo seus depoimentos, percebemos que a candidatura foi concebida como uma ferramenta para combater a invisibilidade, a vulnerabilidade e a violência no Brasil, especialmente no sistema político. Suas agendas foram centradas nos direitos trans*, principalmente na defesa de uma Lei de Identidade de Gênero seguindo o modelo argentino. Os temas sempre presentes em suas campanhas foram: (i) a despatologização das identidades trans*; (ii) os direitos trans*, tais como o reconhecimento de famílias alternativas e a separação das pessoas trans* nas prisões; (iii) o direito da criança ser trans* e; (iv) a extensão para cidades menores dos cuidados de saúde para trans*. O posicionamento a respeito da prostituição é uma das grandes diferenças entre as candidatas: algumas se posicionaram abolicionistas, enquanto outras eram pró-direitos para prostitutas e profissionais do sexo. O work analisa em detalhe as suas agendas e trajetórias como candidatas trans*, com foco nas suas semelhanças e diferenças.